Há também, é verdade, pessoas a ser zelozas demais . Da comunidade formada à volta de João Baptista, nasceu uma religião muito minoritária que o confessa como único profeta e julga Jesus Cristo, e também Mafoma (em francês : « Mahomet ») como sendo usurpadores. (Aquela religião tem a obrigação de viver junto dos rios, afim de poder baptizar os fiéis. É por isso, principalmente, que ficou confidencial ao ponto de sobreviver apenas em poucas zonas do Irão e do Iraque.)
Lembremo-nos também de que João Baptista é o Padroeiro do Québec e de todos os Canadianos. Pois foi no dia 24 de Junho (Natividade de João Baptista), no « Rio dos Prados » que foi celebrada a primeira Missa no Canadá. No dia 25 de Fevereiro, o Papa São Pio X confirmou a devoção popular ao proclamar S.João Baptista padroeiro dos canadianos francófonos. Vários santos, tal como o Sto Cura deArs, lhe tinham uma grande devoção.
Apesar disso, « na sociedade e na cultura do cristão ordinário , no pensamento e na teologia ocidentais, João está como que escamoteado. (Padre Daniel-Ange ). Para a multidão dos cristãos, João baptista, um dos maiores santos, também é um dos santos mais desconhecidos. Com o fim de o fazer subir no « hit-parad » dos santos mais amados, o Padre Daniel-Ange escreveu um livro : « João-Baptista. Para o novo milenário, o Profeta da luz » (Ed. des Béatitudes), no qual enumera cinco aspectos da vida de João que tornam a missão dele muito actual :
b)Num mundo abatido pela tristeza, João é por excelência o Profeta da alegria. Nesses anos jubilares, contagiosa é a dança dele ao acolher Maria e o seu Filho !
c)Frente aos « virus » da suspeita que minam o organismo da nossa fé, ele é o primeiro a proclamar a identidade divina do Menino, quando diz que Maria é Mãe de Deus.
d)Frente aos « virus » de morte que matam a vida, ele grita que, desde a sua conceição, o embrião é um ser imortal.
e)Frente às prostituições do amor, ao desabamento das famílias, ele derrama o seu sangue para proclamar a verdade ao tirano adúltero e incestuoso. Ele protege o matrimónio humano que é o sinal mais bonito do amor. Ele salva a sexualidade, pela contemplação da Trindade.
Tudo isso é muitíssimo importante ! Cada aspecto merecia muitos comentários. Neste 2° Domingo do Advento, gostava de falar só no primeiro. No recente « Compemdium do Catecismo da Igreja Católica, encontra-se esta pergunta (n. 102) : Quais foram as preparações dos mistérios de Jesus ? ( é mesmo o tema do Advento). Eis a resposta :
A esperança foi o tema da minha homilia de domingo passado. A resposta do « Compendium » mostra bem a relação entre a esperança e a figura de João-Baptista, que é testemunha da esperança no seu apogeu, o último preparador da vinda do Salvador. No deserto da região do Jordão, ele proclama que chegou o tempo do cumprimento das promessas e que o Reino de Deus está próximo : « Preparai o caminho do Senhor, aplanai as suas veredas ! »
Na sua solidão, João não é nenhum santo que queira trabalhar sózinho, no seu canto. Poderá, como S.Paulo (cf. 2a Leitura) dar graças « por tudo quanto tendes feito pelo Evangelho » ? Como Paulo, João está à procura de colaboradores, ainda hoje : « Preparai o caminho do Senhor, aplanai as suas veredas ! » Aquelas palavras nos são dirigidas a nós, hoje. Qual será a nossa resposta ? Não será uma resposta só pronunciada com os lábios, decorada como que uma resposta do catecismo. A resposta é esta : ser, tornar-se cada vez mais catequistas.
Há seis anos para trás, no segundo domingo do Advento, João-Paulo II celebrava o Jubileu dos catequistas para os ajudar a entrar no terceiro milenário. Nesta ocasião deu-lhes, por assim dizer, João Baptista como padroeiro :
A página evangélica de hoje convida-nos a um exame de consciência sério. S.Lucas fala-nos em « veredas a endireitar », em « vales a encher », em « montes » e « colinas a baixar », para que cada homem possa ver a salvação de Deus (cf. Lc 3, 4-6) . Aqueles « vales » lembram a distância que se verifica, às vezes, nalguns, entre a fé que professam e a sua vida no dia a dia. O Concílio situou essa distância « entre as faltas mais graves do nosso tempo » (Gaudium et Spes, n. 43).
Aquelas palavras do Concílio e de João Paulo II : João-Baptista para o terceiro milenário, interrogam-nos : o que é que fizemos com elas ? Desde o princípio deste novo milenário, desde o grande Jubileu do Ano 2000, que efeitos produziram ? escutemos ainda o que se segue :
Os próprios Pastores da Igreja, seja ao nível universal, nacional ou diocesano, comprometeram-se nesta profunda renovação da catequese em condições sempre evolutivas. Roma já tinha publicado, em 1977 o » Directório geral da Catequese ». Desde o ano de 2000, a Conferência episcopal francesa tinha começado uma obre comprida para pôr em marcha esse « Directório ». Depois de um ano de vai-e-vem entre Roma e França acaba de ser aprovado por Roma o « Texto Nacional para a orientação da catequese em França » (7/11/2006). « Trata-se agora de propôr a fé, quer dizer, não só de a manter, mas de a fazer nascer » (Mgr Dufour, Bispo de Limoges, presidente da Comissão episcopal da catequese e do catecumenato).
A « bala » está agora no « campo » de cada bispo. Durante a Assembleia do Clero, no dia 3 de Outubro passado, o nosso arcebispo deu-nos uma primeira ideia. Nomeou como nova responsável pela catequese a Irmã Jeanne-Marie CHROMÉ, auxiliada pelo Padre Bruno Latour, pároco do François. À volta deles será constituida, durante um ano de reflexão, uma equipa diocesana. Na Quinta-Feira, dia 30 de novembro passado, o arcebispo já convocou um primeiro encontro com os delegados dos padres e dos catequistas de cada « arciprestado ». A nossa paróquia era representada por Madame Danielle Césaire. Aqui memso um encontro há-de ser organizado com o Sr Paroco e todas as responsáveis de ano de catequese da paróquia no dia 30 de Janeiro de 2007 às 18,00h. Obrigado por marcar desde já essa data.
Mas a educação cristã não é o dominio reservado dos (das) catequistas. Também e antes de mais nada é o dever dos pais, da família. Também é uma tarefa que diz respeito a toda a comunidade cristã, em primeiro lugar aos que frequentam a assembleia dominical. « Da mesma maneira que a transmissão da escritura e da leitura não se faz só pelo ensino, da mesma maneira não podemos ficar satisfeitos por ter explicado às crianças o que é a primeira Comunhão : elas têm que fazer uma experiência : este é o papel fundamental de iniciação pela comunidade cristã reunida no domingo » (Mgr Dufour)
O fim da catequese é evidentemente ajudar a realizar um encontro pessoal e vivo com Jesus, dentro da comunidade cristã. Para que esse encontro se possa realizar, não só S. João Baptista e S. Paulo, mas também o próprio Jesus precisam de colaboradores, de mediadores. Oxalá S. João Baptista nos ajude a respondermos à sua chamada com generosidade e fidelidade.