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Praedicatho homélies à temps et à contretemps

Praedicatho homélies à temps et à contretemps

C'est par la folie de la prédication que Dieu a jugé bon de sauver ceux qui croient. Devant Dieu, et devant le Christ Jésus qui va juger les vivants et les morts, je t’en conjure, au nom de sa Manifestation et de son Règne : proclame la Parole, interviens à temps et à contretemps, dénonce le mal, fais des reproches, encourage, toujours avec patience et souci d’instruire. Crédit peintures: B. Lopez


O CÉU É PARA A CRIANÇA (27e domingo comum)

Publié par Walter Covens sur 5 Octobre 2024, 00:26am

Catégories : #homilias em português

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       Dois mil anos separam-nos do tempo em que a cena do evangelho deste dia desenrolou-se… No entanto, lembra-nos uma situação que não nos é nada estrangeira. A questão do casamento fica sempre actual em muitos paises. A compreensão dela fica sempre tão importante como difícil para a humanidade pecadora. Ao ouvirmos tudo quanto se diz e se faz, com o pretexto de tolerância, de liberdade e de progresso, é o direito e o dever da Igreja lembrar a tempo e contra-tempo que a verdade é que torna livre, e que ninguém pode ser cristão (verdadeiro discípulo de Jesus) a não ser na fidelidade à sua palavra, que é verdade (cf ; Jo 8,32)


       Jesus, no Evangelho, refere-se ao princípio, isso é à criação. Até os pagãos não têm desculpa alguma, diz S.Paulo, uma vez que o que Deus tem de invisível desde a criação do mundo se deixa ver à inteligência através das suas obras (Rm 1,18 ss) : deixaram-se levar a raciocínios que não conduzem a nada, e as trevas encheram o coração deles, que não têm inteligência. (…) Trocaram a verdade de Deus contra a mentira ; adoraram e serviram as criaturas em vez do Criador, que é bendito eternamente. Portanto trata-se duma moral que diz respeito a todos e não só aos cristãos.


       Ora, é frequente, em nossos dias, ver pessoas que se pretendem cristãs, católicas até e que não só cometem pecados inexcusáveis para os pagãos, mas que também concordam com aqueles que os cometem (cf. Rm 1,12). Ao mesmo tempo, elas reivindicam o direito de poder comungar, de casar novamente, de adoptar crianças, de se tornar sacerdotes ! No evangelho, só é questão dos homens e das mulheres que desonram o seu corpo no adultério. Mas S.Paulo fala também naqueles que desonram o seu corpo em relações homosexuais. Sempre houve pessoas com tendência homosexual, no tempo de S.Paulo como hoje ; mas o suposto progresso consiste nisto : já não ter vergonha nenhuma disso e fazer todo o possível para que as uniões homosexuais sejam juridicamente reconhecidas.


       A fé autêntica vem ao socorro da verdadeira razão, sem a diminuir por isso. Não nos esqueçamos da organização dos trechos no Evangelho de S. Marcos : é mesmo a questão da fé cristã que acarreta a questão da moral cristã. So é ao descobrir quem é Jesus que se pode aprender o que é preciso fazer para o seguir. Quem já não sabe quem é aquele que segue, este perde necessariamente a luz do " como ". Uma moral não pode ser cristã a não ser na dependência da fé cristã. Portanto, se a fé está a diminuir, o sentido moral também se perde necessariamente. Como, num caso destes, ficar filhos de Deus sem mancha no meio duma geração perdida e pervertida, e brilhar como as estrelas no universo ? (cf.Fil 2,15)


       Essa observação muito simples, mas muito importante, deve ser conservada na memória se quisermos compreender alguma coisa nas razões da evolução das mentalidades, não só hoje, mas em todos os tempos. Da mesma maneira que a fé não é só uma realidade estática, assim a moral é chamada a evoluir, mas de maneira não independente. Assim, quando a fé está a diminuir, o sentido moral também diminui. Se a fé está a crescer, ele cresce também..


       Aos fariseus que vêm ter com ele para o embaraçar e que se referem, não a uma prescrição (" O que é que Moisés vos prescreveu ? "), mas sim a uma autorização de Moisés (" Moisés permitiu despedir a sua mulher), Jesus responde que não se trata duma prescrição, nem duma autorização, mas sim duma concessão. Quanto ao divórcio, Moisés não prescreveu nada, nem deu alguma vez uma autorização para divorciar. Só verificou uma situação cada vez mais deteriorada, e formulou uma lei para limitar os estragos e para proteger a mulher contra a arbitrariedade do homem :
 

" Seja um homem que casou com uma mulher e consumiu o matrimónio ; mas aquela mulher não lhe agradou, e ele descobriu nela um defeito grave ; portanto, redigiu para ela um acto de repúdio e lhe entregou ; depois expulsou-a da sua casa ; ela abandonou a casa, foi embora e pertenceu a outro homem. Se, por acaso, aquele homem não gostar dela, se redigir para ela um acto de repúdio, se lhe entregar e a mandar embora (ou se morrer aquele homem que a recebeu como mulher), o primeiro marido que a repudiou já não a poderá tomar novamente, depois dela se ter tornada impura. Pois isso é uma abominação aos olhos de Deus, e tu não deves levar a pecar o país que Yavé, o teu Deus, te dá em herança ".(Dt 24, 1-4)


       Com outras palavras, se Moisés teve que fazer uma lei a propósito do divórcio, foi porque o povo tinha caido muito baixo. Jesus di-lo claramente : " Foi por causa do vosso endurecimento que Moisés formulou essa lei. S. Marcos já nos mostrou Jesus confrontado com esse endurecimento : " Então, olhando para eles com um olhar de cólera, magoado daquele endurecimento dos seus corações " (Mc 3,5) Pecar é uma coisa. Pode ser um fraqueza passageira. Endurecer-se é pecar voluntariamente e teimosamente, recusando abrir os olhos e mudar de comportamento. O endurecimento, tal como a ignorância fingida, diz o Catecismo, " não diminuem, mas aumentam o carácter voluntário do pecado " (CEC 1859)


       Uma legislação pode às vezes tolerar comportamentos moralmente inaceitáveis e pode às vezes renunciar a castigar o que poderia provocar, pela proibição, um dano pior. Mas " nunca deve enfraquecer o reconhecimento do casamento monogámico indissolúvel como única forma autêntica da família " (Compendium DES, 229). " O povo de Deus terá que intervir junto das autoridades públicas afim de que essas, apesar das tendências que enfraquecem a própria sociedade e prejudicam a dignidade, a segurança e o bem-estar dos cidadãos, se empenhem para impedir que a opinião pública seja levada ao desprezo da importância institucional do casamento e da família " (Familiaris Consortio, 81)


       Neste tempo em que se fala muito em " casamentos homosexuais " e de " famílias recompostas ", aquela palavra da Igreja não deve ser estimada de pouca importância. Os valores humanos são pelo menos tão importantes como os valores económicos. Os cristãos têm portanto de dar a sua opinião aos responsáveis políticos. Desistir de o fazer é um pecado por omissãao que pode ter consequências para o futuro da humanidade, mais graves do que o re-aquecimento do planeta, o qual dá muito que falar hoje em dia.


       Para terminar, não nos esqueçamos da última parte do evangelho. Deve ser a mais importante ao ver de S. Marcos. Esse pequeno trecho, de aparência insignificante, é na verdade o centro desta parte do seu evangelho, o centro de toda a vida moral do discípulo de Jesus, a chave de todos os paradoxos evangélicos no campo da moral cristã. As crianças são estes pequenos que são grandes, esses últimos que são os primeiros, aqueles dependentes que são acolhedores. A criança lembra a todos, em primeiro ao cristão, que o receber é mais mportante do que o fazer, que as exigências do Amor de Deus não são factos extraordinários, impossíveis de realizar, mas uma graça que toda a gente pode acolher. Na presença desta graça oferecida, as acções humanas nunca poderão ser uma moeda para comprar o direito de entrar no Reino. Eis a revelação que caracteriza a moral cristã.


       Antes daquela cena (9,33 ; 10,12), é o aspecto da acção humana que é acentuado. Trata-se daquele que expulsa os demónios em nome de Jesus ; de cortar a mão, o pé, de arrancar o olho, em resumo da supressão de tudo quanto pode levar ao pecado ; e, na primeira parte do trecho deste dia, de ir mais longe no cumprimento dos mandamentos daquilo que é , sem mais, " autorizado " pela Lei de Moisés.


       No entanto, não é a castidade mais perfeita, nem a pobreza mais radical, nem a obediência aos mandamentos (tudo isso que é pedido pelo Senhor aos que querem ser os seus discípulos), que dão um direito qualquer àquilo que Deus quer dar como graça a quem lhe pede. É o que Teresa de Lisieux tinha tão bem percebido. É o que devemos pedir a esta " Doutora da Igreja " de nos ensinar, como ela o ensinou às novícias do carmelo. Um dia, uma delas dizia-lhe : " Quando penso em tudo quanto tenho ainda de fazer para me tornar uma boa religiosa ! " Sta Tersinha respondeu-lhe : " Diga de preferência : ‘de perder !’ ". E numa das suas poesias (PN 24,9), dirigendo-se a Jesus, ela escreve :


 

Lembra-te das tuas divinas ternuras
De que cumulaste as crianças mais pequenas.
Quero também receber as tuas caricias.
Ah ! dá-me os teus beijos maravilhosos
Para eu gozar nos Céus da tua doce presença.
Saberei praticar as virtudes da infância ;
Não disseste muitas vezes :
" O Céu é para a criança ? "
Lembra-te.


 

       Eis porque, depois dessas poucas palavras sobre as crianças, é a receptividade da observância humana frente à acção de Deus que é sublinhada, Seguir Jesus, isto é, além dos mandamentos, adoptar a pobreza radical que é a sua, sem ajuda humana, e na qual, a cada momento, desde esta vida, ele recebe do Pai o céntuplo, com perseguições, e no mundo futuro, a vida eterna. Este será o tema do evangelho do próximo domingo.


 

(Tradução : G.Jeuge)
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