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Publié par Walter Covens

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    Enquanto estava a comer ao meio-dia (mais exactamente às 14.00h) neste domingo, olhava as notícias na televisão. Evidentemente, havia um programa sobre o NATAL : crianças a quem os jornalistas perguntavam o que esperavam do Pai Natal. Houve muitas respostas, como podeis imaginar. Mas entre todas houve uma que me tocou : a duma criança (uma menina) que dizia assim : « de qualquer modo, se o Pai Natal não me levar prenda, eu farei um escândalo ! ». Era a última criança interrogada.

    A seguir, a camara regressou à jornalista que apresentava as notícias ; essa, que tinha ouvido aquela resposta da menina, ficava com com olhar tenro e sorridente.

Eu, não sorri.
Não fui comovido.

    Perguntei simplesmente para mim próprio o que havia-de ser mais tarde aquela criança, que já manifestava uma mentalidade firme de reivindicar os seus direitos e de gritar caso que não aparecesse nada… enquanto que não assumia os seus deveres e responsabilidades.

    Nesta noite, com os cristãos do mundo inteiro, celebramos com alegria a Natividade de Nosso Senhor. Até o mundo celebra Natal, à maneira dele. Em França, um presidente de cámara municipal ralhou porque um presépio tinha sido instalado na praça pública, junto à Cámara. Ele publicou a foto do presépio no seu « blog » e escreveu :
    « Procurai o erro ». Então encontraram a solução para realizar um Natal « não cristão » : Jesus foi deitado para fora e o Pai Natal foi posto no lugar dele. Isso não só é conforme com os « dogmas » do laicismo ; além disso é prático, uma vez que o Pai Natal, ao que parece, é quem traz as prendas. De qualquer modo não se lhe pede mais nada, e ele não nos pede nada. Enquanto que Jesus, ele, chega nu : precisa de panos, de comida,de calor. Jesus é totalmente pobre e não leva nada… mas ele pede tudo ! Pelo menos, é assim que a gente imagina as coisas, mais ou menos conscientemente.

    Uma fábula conta que, um dia, Jesus regressou visivelmente na terra. Era num tempo em que o Pai Natal ainda era desconhecido. Mas já tinham feito com que Jesus fosse um distribuidor de prendas, de toda a espécie. Era um dia de Natal, estavam muitas crianças reunidos para uma festa. Jesus veio no meio deles. As crianças reconheceram-no e aclamaram-no. Então, uma das crianças pediu que prenda Jesus lhe tinha levado, e todas as crianças pediram a mesma coisa. Jesus não respondeu nada, mas abriu os braços…

    Aqui, deixo de contar a história. Jesus vem no meio das crianças. Aquelas crianças, apesar da sua idade, falam como adultos. Foram contaminadas pela mentalidade dos adultos, a mentalidade que reivindica para si e que João Baptista quis emendar quando as pessoas lhe pediam : « Que devemos fazer ? » Resposta (de João à multidão) : « Quem tem dois casacos, quem tem para comer… partilhe com os que não têm » ; (aos publicanos) : « Não devem exigir mais do que é justo » ; (aos soldados) :… « Ficai satisfeitos com o vosso soldo ».

    Ainda há outra coisa. Quando aquelas crianças, contaminadas pela mentalidade dos adultos, vêem Jesus abrir os braços, em que pensam ? Qual a sua reacção inconsciente ? Não se dizem, porventura : « O que é que nos vai pedir ? Não só não traz prendas, mas vai pedir sacrifícios ! ».

    Então, continua a fábula, uma criança disse : « Vede, ele não nos trouxe nada. Meu pai tem razão,     quando diz que a religião não serve para nada, que não nos dá prenda alguma ! ». Mas outra criança respondeu : « Ao abrir os braços, Jesus quer dizer que o que nos traz é Ele próprio; é ele que se nos dá como irmão nosso, Filho de Deus para nos tornar filhos de Deus como Ele ».


    A resposta daquela criança, não é uma fábula. É mesmo o que nos diz S. Paulo na carta a Tito (2a Leitura) : « A graça de Deus manifestou-se para a salvação de todos os homens ». A graça é a prenda mais extraordinária, a prenda do Amor. Jesus há-de dizer que não há maior amor do que « dar a vida pelos seus amigos ». « Dar a sua vida », isso quer dizer,aqui, não um homem que dá a sua vida por outro homem, mas que é Deus quem dá a sua vida divina, para nos tornar participantes da sua divindade !

    Ora, a respeito daquela graça inaudita, prenda não semelhante a qualquer outra, S. Paulo diz-nos que é « ela que nos ensina a rejeitar o pecado e as paixões do mundo, para viver no mundo presente como homens razoáveis, justos e religiosos »… « Para nos tornar povo seu », e acrescenta : « um povo ardente para fazer o bem ».

    Então, sim, haverá sacrifícios a fazer, mas não é o mais importante. O mais importante é a graça. A graça, é a obra de Deus, prenda maravilhosa que só podemos aprender a acolher. O restp vem a seguir e se aprende pouco a pouco. Pois a graça nos « ensina », nos transforma.

    É o que dizia S. Agostinho, quando também ele era assustado pelas exigências da moral cristã,sobretudo em matéria de castidade . Mas, depois duma longa luta interior, iluminado pelo Espírito Santo, ele disse ao Senhor : « Senhor, peça-me o que queres, mas dá-me o que me pedes ».

    Acolhemos, portanto, a graça de Natal. É Jesus quem se dá. É o Pai quem no-lo dá, na dinámica do Espírito Santo. E deixemo-nos transformar por ela à sua imagem e à sua semelhança. Então poderemos experimentar a verdade das palavras de Jesus quando dizia : « Há mais alegria no dar do que no receber ».
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