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Publié par dominicanus

 

Jn 13

 

A Igreja, como uma boa mãe, é bem avisada em dar-nos um total de sete semanas de Páscoa. Precisamos, realmente, deste tempo para meditar sobre o que Cristo nos ensina através de sua paixão e ressurreição. As plantas precisam passar muito tempo na terra para absorver a luz solar gradualmente e convertê-la em alimento. Da mesma forma, nossa alma precisa de uma exposição prolongada à luz da revelação de Cristo, para absorver as graças que o Senhor quer nos dar.

 

Hoje especialmente, Ele nos lembra da estrutura fundamental da vida cristã : a Cruz e a Ressurreição. Nós já encontramos este tema nos últimos Domingos, mas Deus quer que voltamos nisso.

 

São Lucas, o autor da Primeira Leitura, tirada dos Atos dos Apóstolos, resume a pregação de Paulo e Barnabé em uma frase : « Eles exortou-os a perseverar na fé, dizendo:" Temos de passar por muitas dificuldades para entrar no reino de Deus ".  » Em outras palavras, é somente através da cruz que podemos conhecer a Ressurreição, é somente por amor e através da renúncia que podemos experimentar a alegria cristã.

 

Na Segunda Leitura, São João nos diz a mesma mensagem, mas em sentido inverso. Ele descreve o céu, onde os santos vivem em perfeita comunhão com Deus. A principal característica desta vida é que Deus « enxugará toda lágrima de seus olhos, e a morte não existirá mais; e não haverá mais luto nem pranto, nem dor, porque a primeira criação já terá desaparecido. »

 

A primeira criação é o que vemos com nossos olhos. É a nossa vida aqui e agora como membro da Igreja, ainda na estrada. Essa vida vai passar e não vai durar para sempre. Mas por agora, ela é um « vale de lágrimas », de dor e de luto.

 

Isso é uma grande consolação para nós. Isso significa que nós não temos que fingir ter tudo. Significa que Deus sabe que a vida não é fácil, ainda bem ! Por que através dessas dificuldades da vida, ele quer nos ensinar seu « estilo de vida  ». Nossa sociedade é tão obcecada pelo prazer, o conforto, a saúde, a obsessão de permanecer jovem e manter aparências que até mesmo os cristãos tendem a esquecê-lo. Facilmente nós deixamo-nos ir pensando que a única vida que vale a pena de ser vivida é uma vida sem dor.

 

O exemplo dos santos é para nos lembrar que, na verdade o oposto é verdadeiro: que é só através da Cruz que podemos alcançar a Luz. Vocês podem já ter ouvido falar de Marthe Robin. O primeiro livro, ou pelo menos, um dos primeiros livros já escritos sobre ela após sua morte, em 1981, é intitulado « A Cruz e a Alegria. »

 

Nascido em 1902, lutou desde a idade de 16 anos contra uma doença que provoca uma dor insuportável; doença que foi diagnosticada em 1942 como uma « encefalite epidémica ». Permanecendo o temp todo na cama, progressivamente ela perdeu a esperança de uma cura. Dia 29 de março de 1928, ela disse :

 

« Para mim, a Páscoa vai encontrar-me na minha cama, na minha tão pobre cama, onde me corto em pedaço; enfim, a vida é curta, mas uma outra mais longa e feliz nos espera, que doce consolo, não é ? »

 

Com o sofrimento físico, há também a solidão que se tem que assumir:

 

« Meus dias passam uniformemente monótonos e similares, sendo sozinha a maioria do tempo... »

 

Poucos meses depois, com a doença progredindo, Martha conhece o desânimo :

 

« As fases da minha vida foram escritas num quadro-negro. A própria vida se encarregou em tirar minhas ilusões e destruir meus planos ». (18 de agosto de 1928)

 

Mas acontece então, num dia em dezembro daquele ano, Martha Robin viu no momento da recepção do Sacramento dos Enfermos um momento decisivo a partir do qual tudo vai se iluminar e fazer sentido. Esta doença, que poderia ter conduzido-a a uma lenta e constante destruição da sua pessoa em todos os níveis é, por paradoxal que pareça, o trampolim para uma vida nova que vai ser construída de forma diferente :

 

« Depois anos de angústia, após várias provas, físicas e morais, eu ousei, eu escolhi Jesus Cristo ... O Sagrado Coração de Jesus na cruz é a morada inviolada que eu escolhi na terra. »

 

Martha tem encontrado então a resposta para a questão do significado de sua vida de doente. Sua vida continuará a se desdobrar na doença, mas agora integrada e aceitada com alegria :

 

« Todo o meu ser aceita o sofrimento e a minha incapacidade física quase total, de maneira mais generosa e sempre mais carinhosa: isso num maior abandono, um maior desapego, uma maior renúncia a tudo. No entanto, como a natureza tem dificuldade há vezes em constatar o seu desamparo, e uma infinidade de coisas que são como a tela da vida. Mas a gente permanece ainda muito calma, a gente dá sorriso com alegria e amor, apesar da dor que sufoca, apesar das dilacerações que torturam e dos sofrimentos lancinantes, apesar das provas desoladores e do desgosto amargo, quando amamos a Jesus e o amamos de amor puro. »

 

A vocação de Marthe Robin é fora do comum, mas a sua « tela » é de toda a vocação cristã, incluindo cada um de nós: a Cruz e a Ressurreição, através da Cruz para a Luz.

 

Hoje a Igreja nos lembra novamente que isso é o modelo da vida cristã. É de se perguntar o porquê. Por um lado, é uma lição que nós tendemos a esquecer muito facilmente, então nós realmente precisamos ouvir esse lembrete. Mas por outro lado, Deus quer que não deixamos passar esta oportunidade, e não nos esquecemos disso novamente.

 

São Lucas escreve nos Atos que Paulo e Barnabé visitaram várias comunidades cristãs para fortalecer a coragem dos discípulos, exortando-os a perseverar na fé. Será que Deus não está exigindo de nós que façamos o que foi feito por Paulo e Barnabé, e reforçar a coragem de quem se dobra sob o peso da sua cruz ? Nós todos vivemos com pessoas que precisam de ser incentivadas pelo amor de Jesus.

 

Será que não é por essa razão, entre outras, que a Igreja escolheu a passagem do Evangelho de hoje em que Cristo nos lembra de seu « mandamento novo » :

 

« Dou-vos um novo mandamento : que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, vós também deveis amar uns aos outros. »

 

Hoje o Espírito Santo nos envia, como ele enviou Paulo e Barnabé, para fortalecer e exortar aqueles que podem estar em processo de colapso. Para nós conseguirmos isso, ele nos derá a força e sabedoria do próprio Cristo na Santa Comunhão. Temos que prometer-lhe de fazer um bom uso disso para espalhar a Boa Nova mesmo que seja a uma só pessoa, de que o caminho para a ressurreição é através das dores da Cruz.

 


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