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Praedicatho homélies à temps et à contretemps

Praedicatho homélies à temps et à contretemps

C'est par la folie de la prédication que Dieu a jugé bon de sauver ceux qui croient. Devant Dieu, et devant le Christ Jésus qui va juger les vivants et les morts, je t’en conjure, au nom de sa Manifestation et de son Règne : proclame la Parole, interviens à temps et à contretemps, dénonce le mal, fais des reproches, encourage, toujours avec patience et souci d’instruire. Crédit peintures: B. Lopez


A VISITAÇÃO : O GRITO « SILENCIOSO » DE JOÃO-BAPTISTA (LC 1,39-45)

Publié par Walter Covens sur 22 Décembre 2012, 02:03am

Catégories : #homilias em português

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    Depois de João-Baptista – ou, melhor, antes dele – a grande figura do Advento, que nos ajuda a « preparar os caminhos do Senhor », é Maria. Nas igrejas de rito bizantino , a « iconostase » ( a parede que separa os lugares onde estão os celebrantes e o resto da igreja) tem três portas. A do meio está fechada por uma porta de dois batentes, chamados « portas reais ». Elas dão entrada para o altar e apresentam a imagem da Anunciação   com as dos quatro evangelistas. Nas portas laterais estão pintadas as figuras dos Arcanjos Miguel e Gabriel. À direita (do lado do sul) das portas reais, está o ícone de Cristo a benzer. À esquerda, o da Virgem Maria levando Cristo. Junto ao ícone de Cristo encontra-se o de S. João-Baptista.

    No Evangelho deste último domingo do Advento, escutamos o relato do encontro tão importante de Jesus, no seio de Maria, com João, o futuro Baptista, ainda no ventre da mãe, a « estéril », concebido seis meses antes de Jesus. Para perceber, na medida do possível o mistério da Visitação, é bom meditar alguns momentos na sua dimensão humana. Quero citar aqui o Padre Daniel-Ange, que fala num opúsculo de Luc Lannoye : « O pequenito », Edições « Fidélité », 1997. Ele mostra que « todas as descobertas científicas sobre a vida da criança « in utero » deitam uma luz emocionante de autenticidade sobre o acontecimento da Visitação. Vocês podem julgar .

Mas como é aquele pequeno João ? No princípio desse 3° mês, João tem 25 cm e pesa 500 gr. O sangue corre rapidamente dentro dos vasos sanguíneos. O coração pulsa depressa  . Está a nadar na sua « bula » e já chupa o seu polegar. Responde às estimulações táctis, quando o pai toca docemente no ventre da mãe. Já há algumas semanas que ele percebe os sons exteriores. Os seus ouvidos minúsculos, bem formados são, por assim dizer, sempre à escuta..

As experiências psicofónicas por ultra-sons mostraram como, entre a16a e a 32a semana de gestação, a criança reage aos vários sons por meio de movimentos dos seus olhos, das suas pálpebras já formadas. Já no 4° mês, os seus ouvidos funcionam. Por viver no líquido amniótico, ele não precisa de « almofada de ar » no cano auditivo que protege o tambor, e a água é melhor condutora do som do que o ar. Ele ouve tudo, em primeiro o pulso do coração da sua mãe. Ouve um ruido muito forte no útero, que é o da circulação do sangue da mãe, bem como o som dos nervos que atravessam o seu intestino. Além disso, ele percebe também todos os sons exteriores, como o estalido duma porta ou duma música forte. Ele reage. Em resumo, os seu mundo fónico já está organizado.

A partir do 7° mês, ouve os componentes das vozes. Poucos dias depois de nascer, já saberá distinguir uma lingua estrangeira  e a lingua maternal já longamente ouvida ; já está habituado. Tantas experiêncas científicas provaram aquela sensibiliadade das crianças aos sons diferentes : certo Maestro estava espantado por já conhecer como tal uma partitura, e por aprendê-la mais facilmente do que as demais ; parecia-lhe que reencontrava em si alguma coisa. De facto, soube que a mãe dele, enquanto ainda esta no útero, lhe cantava muitas vezes aquela melodia.

Sobretudo, a partir desse 6° mês, a criança é sensível ao próprio conteúdo dos cantos e das músicas. Uma mãe confessa ter sido obrigada a sair duma discoteca, porque o bébé, dentro dela, manifestava um desgosto daquela música violenta. O « hard rock » agita-o, uma canção de embalar apazigua-o. Naquela altura, já começa a memorizar. O seu inconsciente tece tudo quanto ouve, tudo quanto se passa à volta da mãe.

Científicos ingleses mostraram que uma criança reconhece até histórias lidas pela mãe. Um feto de 4 ou 5 meses sente perfeitamente se a música é apaziguante ou agressiva. Fica calma ao ouvir música de Vivaldi. O genial Yehudi Menuhin mostrou que era possível, graças à música, fazer vibrar, por assim dizer uma criança ainda não nascida. Além disso, a criança é sensível à luz : se uma lâmpada forte demais dá sobre o ventre da mãe, o pulso do bébé torna-se mais rápido.

No princípio do 6° mês, já começa a fazer os primeiros movimentos perceptíveis, as primeiras deglutições. Ele é activo principalmente de noite, quando a mãe está deitada. Os seus pulmões já estão formados, e já começa a fazer movimentos respiratórios.

    Beleza da criação… Esplendor da vida humana… Hoje, nesse domínio, nós somos testemunhas privilegiadas em relação com todas as gerações que nos precederam ! Nunca antes foi possível ter um conhecimento tão preciso da vida do embrião e do seu « grito silencioso ». Estou a falar aqui no filme realizado pelo Dr Bernard Nathanson, defensor ardente da legalização do aborto nos Estados Unidos, arrependido ao ver a ecografia dum aborto, e agora ardente apóstolo da abolição daquela legalização.

    No episódio da Visitação, há também um grito silencioso, mas um grito de alegria, o de João, embrião de 6 meses. A seguir vem o grito sonoro de Isabel, a mãe dele, que grita, duma « voz forte » : « bendita és tu entre todas as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre  . Como se faz que tenha aquela alegria de que  a mãe do meu Senhor venha ter comigo ?… Feliz daquela que acreditou no cumprimento das palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor. »
Como foi que Isabel conseguiu ouvir aquele grito silencioso de João ? Porque o grito foi acompanhado por um estrecimento sensível, por uma dança perante o Autor da vida trazido por Maria, Arca da Nova Aliança, Sacrário da Vida, ostensório da Presença Real. João, que ouve a saudação de Maria, Isabel que percebe o estrecimento de João, tudo isso está confirmado hoje pela ciência e tem de despertar a nossa admiração, o nosso respeito perante o esplendor da vida humana antes da nascença.

    Infelizmente, em vez disso, há quem prefere tapar os ouvidos, velar  as suas faces. Enquanto que o feto percebe a luz e ouve os sons desde o 6° mês, os « grandes » deste mundo (os adultos) não querem ver a luz, não querem ouvir a voz de Deus e sobre Deus. Nathanson foi caluniado. A verdade do seu filme foi confirmada pela justiça (no dia 25/02/1992).  Sem resultado : no dia 28 de Dezembro de 1997 foi inaugurado em França o primeiro « Memorial do Bilhão » (um bilhão de abortos conforme as estatísticas da ONU). Hoje, nesta hora em que estou a falar, contam quase 1 bilhão e 412 milhões de abortos desde o dia 22 de Janeiro de 1973 (« Roe versus Wade ») !!!

    O aborto será, sim ou não, « um crime abominável » ? Se é verdade, temos que o dizer. E até devemos ir mais além, devemos mostrá-lo. O aborto não é um simples desaparecimento, é um assassinato, dizia João-Paul II. Então é imprescindível mostrá-lo. O choque das fotografias é tão importante como que o peso das palavras.

    Tendes reparado que, nas discussões sobre o aborto na TV, só vemos adultos e crianças ? Aqueles de que se fala, os embriãos não são presentes naqueles programas que falam principalmente deles e do seu destino.

    Nunca são apresentados :

  • nem nos estados sucessivoss do seu desenvolvimento,

  • nem no seu estado de vítimas,

  • nem a sua luta para salvaguardar a sua existência.

    Ora aqui principalmente, não se podem economizar as imagens :

  • Economizamos as imagens nos documentários sobre os campos de exterminação nazis, quando se tratam de imagens dificilmente aguentáveis ?
  • Economizamos as imagens na apresentação de acidentes da viação, enquanto queremos avisar os automobilistas, afim de evitar tais catástrofes ? No entanto, a segurança da vida no seu princípio vale bem a segurança rodoviária.
  • Economizamos imagens quando queremos educar os jovens a propósito do uso da droga, e mostramos o estado de decadência que os ameaça ?

    Depois de ver « O rito silencioso » do Dr Nathanson, João-Paulo II disse : « Eu tive a oportunidade de ver aquele filme e ainda hoje não me posso esquecer dele. É difícil imaginar esse drama terrível e toda a sua eloquência moral e humana » (4 de Junho de 1991).

    Não se trata de condenar quem quer que seja. So Deus pode ser Juiz ; mas trata-se de denunciar um escândalo que um silêncio e omissões culpadas podem banalizar. Mulheres de 20-30 anos, depois de abortar, declararam ter sido enganadas sobre a natureza dele. Deram-lhes a entender que não passava da ablação dum tumor benigno. Pode-se e deve-se militar pelo respecto da vida, sem risco de ser qualificado de agressividade nem de maniqueismo. Não podemos, não devemos esconder o ensinamento moral da Igreja, com a condição, evidentemente, de aceitarmos confessar que somos pecadores também, e julgados pela mesma verdade. Os santos praticaram essa humildade : « Senhor, desconfia de Filipe, dizia S. Filipe Neri ; mesmo esta noite, podia ser muçulmano ». Podemos nós dizer também : « Senhor, desconfia de mim. Podia sentir a tentação de abortar ou de levar alguém (a minha filha, a minha amiga…) ao aborto ;

    Uma iniciativa recente convida todos os padres de França para tocar os sinos funebres no dia 28 de Dezembro, Festa dos Santos Inocentes, às 18.00h, antes ou depois dos « Ave-Marias ». Pede também a todos os fiéis para convidar os seus padres a fazer isso. Levemos aquele gesto simbólico, mas significativo, e procuremos sensibilizar uma opinião publica « com pele de elefante », na nossa oração, e por ocasião de Natal, demos peso à nossa oração, aliviando o nosso porta-moedas ao benefício duma obra que trabalha para ajudar as mães aflitas. Salvar uma vida não tem preço ! Direis talvez que isso não vai mudar nada. O pior era que, um dia, possamos ser censurados por nada ter feito. Uma coisa está certa : connosco ou sem nós, a Luz vencerá as trevas!


(tradução : G.Jeuge)
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