Todos os dias as informações trazem notícias de guerras, de assassínios. Mulheres são batidas pelo marido, crianças são matadas pela mãe, ministros são assassinados por serviços secretos, polícias são agredidos por « suportadores » de futebol e por jovens dos bairros . Tudo isso passa-se à nossa porta, quase diante dos nossos olhos…
Quando a opinião fica comovida por causa dum acto julgado grave, nas oficinas de televisão, nas salas de redacção dos jornais, nos estúdios da rádio, procedem a muitos comentários. Especialistas são convidados para fazer analises sábias. Políticos tomam medidas e mandam votar leis. Candidatos às eleições declaram que vão fazer melhor do que os outros…
Hoje, a Igreja diz-nos assim : a única solução é aceitar Crsto, não só como Rei dos nossos corações dentro da nossa intimidade, mas também como rei do Universo. Porquê será que a solenidade de Cristo Rei pode trazer uma resposta válida (a única) às calamidades a caír sobre o mundo, ainda hoje ? Pio XI responde : em primeiro lugar, porque essa profusão de males no universo são o resultado dos homens « terem afastado Jesus Cristo e a sua lei santíssima dos costumes da vida individual bem como da vida familiar e pública » ; em segundo lugar porque é preciso « buscar a paz de Cristo por meio do Reino de Cristo » e porque, para restaurar e consolidar a paz, não há « meio mais eficaz do que restaurar a soberania de Nosso Senhor »
Pois, temos que admitir esta evidência : como será possível espantar-se ao ver as leis desprezadas, os homens da lei agredidos (como aconteceu a um polícia da Martínica no fim dum desafio de futebol em Paris), enquanto ao mesmo tempo são votadas leis que atacam a dignidade humana, que troçam dela ? Pois várias leis atacam a vida humana no seu princípio e no seu fim, mediante o aborto e a eutanasia ; leis que atacam os alicerces da sociedade, da família, legalizando as uniões homosexuais como casamentos, instaurando o divórcio e até a poligamia (como na Holanda, onde agora é possível juntar um casamento com um « contrato de união » com outra pessoa !) Tantos sintomas que não enganam : são sinal certo duma doença chamada laicismo, « a pesta dos nossos tempos » (Pio XI)
Há vários anos para trás, tinha sido nomeado capelão dum « Campus Universitário ». O que me tinha precedido tinha saido desde havia mais ou menos 10 anos. Durante um ano, com o auxílio do arcebispo, tinha pedido às autoridades universitárias uma sala para receber os estudantes dentro do « campus ». Apesar de promessas bonitas, nunca consegui obter alguma sala. Quando me falaram no dogma da laïcidade, respondera que, se não quisessem capelão para os estudantes, brevemente teriam que chamar a polícia. E foi mesmo o que aconteceu… depois dum ano . Sim, como esperar a paz de Cristo se rejeitam o Reino de Cristo ?
E porquê será que se rejeita o Reino de Cristo ? O que é que dá medo ? Não só Jesus não teve guardas que se batam para o libertar dos Judeus, mas quando os mesmos Judeus queriam apoderar-se dele pra o proclamar rei, fugiu. Diante de Pilatos ele afirma claramente : « O meu reino não é deste mundo ». Um hino para a festa da Epifania (Crudelis Herodes ) diz a Herodes e a todos quantos têm medo do Reino de Cristo :
Entramos no Reino de Cristo livremente, pelo baptismo. O Reino de Jesus não é contra os reinos do mundo. Só é contra o Reino de Satanás, mediante o Sangue derramado pelo Cordeiro. Mas aos baptizados Jesus pede para ser testemunhas suas sem medo, até derramar o seu sangue, se for preciso.
Diante de Pilatos Cristo proclama que « veio ao mundo para testemunhar da verdade ». O dever dos cristãos é tomar parte na vida da Igreja que os incita a agir como testemunhas do Evangelho e das obrigações resultantes Esse testemunho é a transmissão da fé , em palavras e actos. O testemunhar é acto de justiça que estabelece ou mostra a verdade :
Assim percebida, a solenidade de Crsito Rei do Universo é um convite urgente para passar da apostasia ao testemunho :
O martírio é o testemunho súpremo dado à verdade da fé : ele manifesta um testemunho que vai até à morte. O mártir dá testemunho de Cristo, morto e ressuscitado, a quem fica unido pela caridade. Dá testemunho da verdade da fé e da doutrina cristã. Aguenta a morte graças a um acto de força « Deixai que seja a comida da feras. É por elas que poderei chegar a Deus » (S Inácio de Antioche, Rom.4,01).