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Publié par Walter Covens

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    Celebramos hoje a solenidade de todos os Santos. É uma das festas mais populares na Tradição da Igreja Católica. Um sinal disso é o facto daquele dia ser um dia feriado na maior parte dos países. No entanto, o peso da secularização é cada vez maior também neste domínio. Nos últimos anos temos assistido a uma verdadeira profanação dessa festa. Todos ouvistes falar no « Halloween ». Alloween era, à partida, uma festa católica autêntica. Chamava-se « All Hallow’s Eve » (= a vigília da festa de Todos os Santos). Foram emigrantes irlandeses, com a sua grande devoção aos santos, que a importaram nos Estados Unidos. Só nos últimos anos foi que esta festa se encontrou  desfigurada, despojada do seu sentido cristão para ser transformada numa parodia lugubre da visão cristã do Além.. Portanto não foi só uma motivação comercial que fez dessa festa uma espécie de segundo carnaval. O dia 31 de Outubro é , para o ocultismo « a maior festa dos discípulos de Satanás ».

    Esse é mais um motivo para estudarmos mais a fundo o sentido autêntico da solenidade da festa de Todos os Santos, afim de não deixar perder o seu valor em relação a comemoração dos fiéis defuntos que chega no dia seguinte, 2 de Novembro. Está em questão a vitalidade da nossa fé. Não nos deixemos contaminar e manipular por forças escuras, mas contaminemos o mundo pela nossa fé ! Ora, a nossa fé é esta : CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA. Mas, o que creio no fundo do meu coração, tenho também de fazer todo o possível para o comprender com a minha inteligência. A fé nunca é uma coisa evidente. É sim uma prova. O que seremos ainda não aparece claramente, diz S.João. É precisamente aqui que intervem a fé. A Santa Igreja não é uma Igreja sem pecadores. « Não vim para os sãos e os justos, mas sim para os doentes e os pecadores », disse Jesus. Acabamos de o confessar no princípio da missa : somos todos pecadores. Se fosse preciso ser santo antes de ser cristão, isso não faria sentido. Somos cristãos para nos tornarmos santos.

    Então, estais a ver a pergnta que temos de fazer todos para nós mesmos : eu, pobre pecador, poderei tornar-me santo (santa) ? Se por acaso digo que sou cristão, mas que não me quero tornar santo, é com certeza porque há mais um problema, pior do que o próprio pecado. Quando digo que não sou pecador, há um problema, porque digo que Deus é um mentiroso. Mas, sabendo que sou pecador, apesar de pertencer à Igreja, se não quero ser santo, também há um problema. É por isso que Jesus conta a parábola do trigo e do joio. O joio, não são os pecadores, são os pecadores que não se querem tornar santos. Jesus diz assim : « Deixai-os crescer juntos até à messe, e no tempo da messe, eu direi aos trabalhadores : tirai primeiro o joio, ligai-o, queimai-o ; quanto ao trigo, ponde-o no celeiro » (Mt 13,30). Portanto, nós, membros da Igreja, somos todos pecadores.

    Mas na Igreja não há só pecadores. Nós, cristãos, não é o pecado que nos torna membros da Igreja ; é sim a nossa caminhada em direcção à santidade, na graça do nosso baptismo e da nossa confirmação. Mediante esses sacramentos temos recebido um selo, um selo que o pecado nunca apagará. Enquanto fico na fé do meu baptismo, mesmo que peque por fraqueza, ainda pertenço à Igreja, mas se levar uma vida honrosa sem fé, então já não serei mais cristão. No momento da Comunhão, vou dizer esta oração admirável : « Senhor, não olhais aos meus pecados mas à fé da Vossa Igreja »… O Concílio de Trento disse assim :aqueles que dizem que um cristão em estado de pecado mortal já não pertence à Igreja são condenáveis… Mas, se tenho a fé, não vou dizer que tive razão em cometer o pecado que fiz.

    S.Paulo escreve aos Efésios : « Cristo amou a Igreja, entregou-se por Ela ; pois queria que fosse santa graças à purificação do baptismo e a palavra de Vida ; queria apresentá-la a si mesmo, aquela Igreja, resplandecente, sem mancha, nem ruga, nem defeito algum ; queria que fosse santa e irreprensível. Essa é a Igreja que saí do baptismo. S.Paulo sabe muito bem que há pecadores na Igreja. Aos Coríntios censura coisas gravíssimas. No entanto, diz que que a Igreja é santa. Ela está sem pecado, mas não sem pecadores. Teólogos belgas disseram isto :  Está certo, a Igreja é santa em alguns dos seus membros, mas é pecadora em outros. Da mesma maneira como se diz que Antuérpia é rica ! (o porto, os diamantes…) mesmo que haja muitos pobres. da mesma maneira como se diz que Lovaina é sábia por causa da sua Universidade, mesmo que haja muitos ignorantes, assim se dirá que a Igreja é santa, mesmo que possua nela muitos pecadores . Não !Em todos os membros da Igreja, enquanto não abandonaram a fé, enquanto ainda têm a fé, há uma santidade. Aquela fé não chegará para os santificar, mas eles sempre pertencem à Igreja. A Igreja não abandona os pecadores. Ela é como que uma mãe que tem uma criança muito doente : enquanto a criança fica viva, a mãe não a abandona. Quando morre, já não a guarda nos braços.

    Mas é prociso que a criança queira ficar junto da sua mãe. PÉGUY, num texto muito lindo, diz assim : O que é um cristão ? Um cristão é um pobre pecador, mas que toma a mão. E os Santos, os que celebramos hoje, quem são ? Os santos são aqueles que estendem a mão. Péguy diz : se tomardes a mão estendida, sois cristãos. Caso contrário, não sois cristãos. Isto quer dizer que a nossa santificação não vem dum esforço feito por nós, por admirável que seja. A nossa santificação vem duma mendicidade. Para sermos santos temos que mendigar. Todos os Santos foram mendigos. Mais mendigaram e mais receberam. Mais receberam, mais se sentiram dependentes da misericórdia de Deus.

    Então, não julguemos a Igreja a partir daquilo que não é. É o que nos diz Jacques MARITAIN : « Os católicos não são o catolicismo. As culpas, os pesos, as carências e os sonos dos católicos não comprometem o catolicismo. O catolicismo não tem missão para dar uma desculpa às faltas dos católicos. A melhor apologética não consiste em justificar os católicos quando não têm razão, mas pelo contrário em marcar os erros, quando não danificam a substância do catolicismo et só mostram a força duma religião sempre viva, apesar deles. A Igreja é um mistério. Tem a cabeça escondida no Céu, a sua visibilidade não se manifesta nitidamente. Se procureis o que a representa melhor, olhai para o Papa e os Bispos a ensinar a fé e os deveres ; olhai para os Santos do Céu e da terra ; não olheis para nós pecadores, ou, de preferência, olhai para o procedimento da Igreja para curar as nossas pragas e para nos guiar pouco a pouco até à vida eterna. A grande glória da Igreja é ser santa com membros pecadores. »

    Enquanto sou pobre pecador, tenho então de saber que há Santos para me ajudar, não só os do Céu, mas também os da terra. Então neste dia bonito de « Todos os santos », olhemos para o Céu, e não nos esquecemos de olhar também para a terra. Um bispo suiço, D.Charrière, que tinha ido de peregrinação a Ars, tinha lá encontrado um padre velhíssimo que tinha conhecido o Santo Cura de Ars . O bispo pediu ao padre se a santidade do Cura de Ars tinha sido reconhecida enquanto vivia. – Ô não, tinha respondido ; diziam que era um original. Assim aconteceu com Sta Bernardete de Lurdes e Sta Teresinha de Lisieux. Há tantos santos e tantas santas que nos estendem a mão, e não a tomamos, equanto que pecisamos tanto dela, porque não os conhecemos. Até os perseguimos : « felizes sereis si vos insultarem, se vos perseguirem e se dizerem mentiras contra vós, por causa de Mim… »

    Peçamos ao Espírito Santo que abra os nossos olhos afim de que possamos ver e respeitar a santidade da Igreja, a dos Santos, está certo, mas também a que fica em cada um de nós.

 


(tradução : Pe G.Jeuge)
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