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Publié par Walter Covens

17 TOB ev

 

No 17° Domingo do Tempo comum, deixamos de utilizar o Evangelho segundo S.Marcos -isso durante algumas semanas, menos no dia 6 de Agosto (quando cai num domingo, por ser neste dia a Festa da Transfiguração do Senhor ). A Liturgia transporta-nos de repente no Evangelho de S.João. Afinal é lógico : S.João dá-nos o conteúdo do ensinamento de Jesus, que S.Marcos tinha dito ser muito longo.

       Na passagem de S.João que encontramos no 17° domingo comum (princípio do capÍtulo 6) verificamos também uma mudança importante: antes, estávamos em Jerusalém enquanto que, no capítulo 6, estamos do outro lado do lago de Tiberíades. Todas aquelas deslocações, outrora, na vida de Jesus, como hoje na liturgia, são uma oportunidade para medir a diferença entre os ouvintes ocasionais, que não percebem nada, e os verdadeiros discípulos de Jesus, que também não percebem tudo, mas pelo menos se tornam "ensináveis". 

       O Evangelho de João não é um evangelho fácil ; pelo menos é o que se diz. Enquanto que o de S.Marcos se destina aos catecúmenos ou às crianças do primeiro ano de catequese), o de João destina-se aos intelectuais, ao crente bem formado que já tem uma longa expriência. "Aqui, escreve o Cardeal Martini, é impossível ler uma página nem sequer algumas linhas, e perceber ao mesmo tempo o sentido completo das coisas escritas ; pois, não se sabe porque são ditas nesse momento, nem que significado exacto têm. Muitas vezes, os comentários explicam coisas evidentes, que já temos percebido, mas não respondem às perguntas que as pessoas se fazem realmente quando lêem esse evangelho de S.João : porquê o evangelista insiste, neste lugar, naquela ideia. Etc…."

       No que diz respeito àquela passagem do 18° domingo comum: o milagre dos pães, o qual, juntamente com a marcha de Jesus sobre as águas, introduz o longo ensinamento de Jesus, é impossível dizer só ao povo que é necessário não disperdiçar os alimentos, que é preciso partilhar com aqueles que não tém nada para comer, mesmo que seja a verdade, e muito actual. Mas o problema não é este! O problema não consiste em sabermos o que podemos fazer dizer pelo texto evangélico para "colar" à actualidade, cheia, infelizmente, de catástrofes, de guerras, de fomes. Nesse caso, seríamos daqueles discípulos ocasionais condenados a não perceber nada nos sinais de Deus. O problema é este : saber o que S. João e o Espírito Santo nos querem dizer. Ora, isso exige um mínimo de honestidade intelectual . Não queremos dizer que vamos logo perceber tudo. Pelo menos isto significa que nós aceitamos não compreender, mas que queremos procurar compreender cada vez melhor, na fidelidade, na duração, como Sta Teresinha de Lisieux, sem desanimar.

       Jesus realiza o sinal dos pães, não para encher os ventres, mas sim para significar a vida divina que nos veio dar: "Amen, Amen, digo-vos: estais à minha procura, não por ter visto sinais, mas sim por ter comido pão com saciedade. Não trabalheis pela comida que se perde, mas pela que se conserva até à vida eterna, a que vos dará o Filho do Homem, Ele que Deus Pai marcou do seu cunho." (Jn 6,6-27).

       Esse também é o sentido da ordem de Jesus: "Recolhei os pedaços que sobram, afim de que nada se perca". Aquela ordem dá a entender que a comida dada por Jesus não é perecível, ao contrário do maná no deserto. O pão que Jesus dá não é um pão efémero mas é uma fonte permanente de vida. O maná apodrecia caso se apanhasse mais do que o necessário para o dia. O pão de Jesus, ele, permanece para todas as gerações futuras, para toto o tempo da Igreja.

       Filipe, que pertencia ao grupo dos verdadeiros discípulos de Jesus, daqueles que o seguiam em toda a parte, não percebeu a pergunta que Jesus lhe fazia para o educar: "onde é que podíamos comprar pão para lhes darmos de comer?" E Filipe ainda disse: "o salário de 200 jornadas de trabalho não chegava para lhes dar só um bocadinho de pão." Jesus bem sabia o que era preciso fazer numa situação destas, e como remediar, mas fazia a pergunta a Filipe para que ele percebesse que é impossível a um homem resolver sózinho este problema, por muito generoso e muito esperto que seja. O homem nunca poderá saciar o homem. Só Jesus é quem pode satisfazer totalment todas as necessidades e todos os desejos. O que o homem pode fazer é só isso: obedecer à ordem de Jesus: "Mandai-lhes sentar-se…."

       A resposta justa à pergunta de Jesus será dada por Simão-Pedro ao dizer: "Para quem iríamos? Tu tens as palavras da vida eterna" (Jo 6,68). O perfil de Filipe, no entanto, não é o mesmo da multidão que estava a seguir Jesus uma vez, quase por acaso, porque tinha visto os sinais que Jesus realizava ao curar os doentes, essa multidão que, a seguir, queria prender Jesus à força e fazer dele o seu Rei, a mesma que haverá de dizer, em fim de contas: "O que ele diz é intolerável, não o podemos escutar mais! (Jo 6,60) Aqueles que percebem o sinal de Jesus só num sentido terreno, por não estarem realmente à procura síncera do dom de Deus, aqueles não se abrem à fé e ficam incapazes de perceber o sinal.

       Filipe pertencia, com o discípulo que Jesus amava , ao grupo daqueles a quem havia-de dizer: "Já não vos chamo servos (…...) mais chamos-vos amigos" (Jo 15,15). Era daqueles que acolhavam o mistério da Encarnação e por isso se deixavam levar até à intimidade com o Senhor. Jesus o tinha escolhido para que fique consigo (cf. Mc 3,14). Eis o mérito principal do verdadeiro discípulo : ficar com Jesus, até no meio das provações (cf. Lc 22,28).

       Essa fidelidade no tempo constituí, por assim dizer, o "numerus clausus" para ser recebido na compreensão do ensinamento de S. João. Se é verdade que, no evangelho de João não se pode ler uma página como a de hoje e reter só umas coisas vulgares, (como a B.A., do escuteiro por ocasião dum piquenique campal) é porque, conforme a hipótese do Cardeal Martini, "no evangelho de S. João, que é o evangelho dos símbolos, das comparações e das figuras, a segunda parte (13-20) faz perceber a primeira (1-12)." Numa homilia como esta, só posso, está certo, indicar o caminho. Afinal, se o evangelho de João é difícil de perceber, a culpa não é de S.João: é nossa, porque nos falta a fidelidade, e portanto a maturidade, na nossa relação com Jesus.

       Um segundo aspecto, também muito importante, inseparável do primeiro, presente no nosso texto, é que aquela maturidade da fé não pode ser alcançada a não ser dentro da comunidade dos crentes.

       O Padre Léon-Dufour apresenta assim o capítulo 6 de S. João: "Antes de começar a leitura do texto e do seu desenvolvivento, é preciso olhar para o evangelista a trabalhar. Herdeiro de Israel, não só aderiu ao Enviado escatológico de Deus, também é um cristão que vive da sua fé, e a Boa Nova que transmite diz respeito sobretudo à sua comunidade".

       Separado do sinal, o discurso sobre o Pão de vida pode sugerir que a vida cristã é só uma relação individual com Jesus. Mas se o acto de fé é muito pessoal, não é nada individual. Nada mais pessoal e nada de menos individual que o acto de fé em Jesus. Por isso é que Jesus não quer repartir alimentos como se fosse o acto duma organização humanitária qualquer. Ele convida o povo para vir à mesa, conforme o costume das refeições comuns. Além disso Ele é quem preside essa comunidade de mesa. Pois, ao contrário dos Sinópticos, S. João diz que Jesus é quem faz a repartição dos 5 pães de cevada (não dos peixies!). A cevada era mais barata do que o trigo, amadurecia mais depressa também, de tal modo que os pães de cevada eram usados para a oferenda litúrgica das primícias. Esse é mais um indício para uma melhor compreensão du sinal dos pães.

       Uma vez que o almoço oferecido por Jesus não se come sózinho, mas em comunidade, essa comunidade não significa por isso uma maioria. À partidaa, está muita gente, é verdade. Mas, logo que Jesus se afasta dela para evitar os seus desígnios , a multidão começa a diminuir ; afinal Jesus fica só com os Doze. É de notar que S.João fala numa grande multidão só duas vezes no seu evangelho : aqui e por altura da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Não pode ser por acaso. Nos ambos casos sabemos o que ficou da multidão. Se a fé diz respeito à comunidade, isso não significa ficar dentro da maioria. Hoje em dia, ha um espécie de humanismo que quase faz a unanimidade dos nossos contemporáneos. No entanto, não é dentro daqueles vastos círculos que se encontra uma porta aberta à luz do evangelho. O humanismo pode ser uma maneira elegante mas enganadora de manter Deus de lado, ou de se desembaraçar dEle quando, em fim de contas, não parece razoável. Assim é que, no fim, adoramos o homem (ou Satanás) em vez de adorar só a Deus.

(tradução : G. Jeuge)

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D
<br /> et  le  français  ?  au  secours  s'il  vous  plait  .   <br /> <br /> <br /> merci  beaucoup  .  DOMINIQUE<br />
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D
<br /> <br /> Bonjour Dominique. Le secours que vous demandiez était déjà là depuis mercredi. <br /> <br /> <br /> http://www.homelie.biz/article-3409194.html<br /> <br /> <br /> <br />