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Publié par Walter Covens

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    Depois de João-Baptista – ou, melhor, antes dele – a grande figura do Advento, que nos ajuda a « preparar os caminhos do Senhor », é Maria. Nas igrejas de rito bizantino , a « iconostase » ( a parede que separa os lugares onde estão os celebrantes e o resto da igreja) tem três portas. A do meio está fechada por uma porta de dois batentes, chamados « portas reais ». Elas dão entrada para o altar e apresentam a imagem da Anunciação   com as dos quatro evangelistas. Nas portas laterais estão pintadas as figuras dos Arcanjos Miguel e Gabriel. À direita (do lado do sul) das portas reais, está o ícone de Cristo a benzer. À esquerda, o da Virgem Maria levando Cristo. Junto ao ícone de Cristo encontra-se o de S. João-Baptista.

    No Evangelho deste último domingo do Advento, escutamos o relato do encontro tão importante de Jesus, no seio de Maria, com João, o futuro Baptista, ainda no ventre da mãe, a « estéril », concebido seis meses antes de Jesus. Para perceber, na medida do possível o mistério da Visitação, é bom meditar alguns momentos na sua dimensão humana. Quero citar aqui o Padre Daniel-Ange, que fala num opúsculo de Luc Lannoye : « O pequenito », Edições « Fidélité », 1997. Ele mostra que « todas as descobertas científicas sobre a vida da criança « in utero » deitam uma luz emocionante de autenticidade sobre o acontecimento da Visitação. Vocês podem julgar .

Mas como é aquele pequeno João ? No princípio desse 3° mês, João tem 25 cm e pesa 500 gr. O sangue corre rapidamente dentro dos vasos sanguíneos. O coração pulsa depressa  . Está a nadar na sua « bula » e já chupa o seu polegar. Responde às estimulações táctis, quando o pai toca docemente no ventre da mãe. Já há algumas semanas que ele percebe os sons exteriores. Os seus ouvidos minúsculos, bem formados são, por assim dizer, sempre à escuta..

As experiências psicofónicas por ultra-sons mostraram como, entre a16a e a 32a semana de gestação, a criança reage aos vários sons por meio de movimentos dos seus olhos, das suas pálpebras já formadas. Já no 4° mês, os seus ouvidos funcionam. Por viver no líquido amniótico, ele não precisa de « almofada de ar » no cano auditivo que protege o tambor, e a água é melhor condutora do som do que o ar. Ele ouve tudo, em primeiro o pulso do coração da sua mãe. Ouve um ruido muito forte no útero, que é o da circulação do sangue da mãe, bem como o som dos nervos que atravessam o seu intestino. Além disso, ele percebe também todos os sons exteriores, como o estalido duma porta ou duma música forte. Ele reage. Em resumo, os seu mundo fónico já está organizado.

A partir do 7° mês, ouve os componentes das vozes. Poucos dias depois de nascer, já saberá distinguir uma lingua estrangeira  e a lingua maternal já longamente ouvida ; já está habituado. Tantas experiêncas científicas provaram aquela sensibiliadade das crianças aos sons diferentes : certo Maestro estava espantado por já conhecer como tal uma partitura, e por aprendê-la mais facilmente do que as demais ; parecia-lhe que reencontrava em si alguma coisa. De facto, soube que a mãe dele, enquanto ainda esta no útero, lhe cantava muitas vezes aquela melodia.

Sobretudo, a partir desse 6° mês, a criança é sensível ao próprio conteúdo dos cantos e das músicas. Uma mãe confessa ter sido obrigada a sair duma discoteca, porque o bébé, dentro dela, manifestava um desgosto daquela música violenta. O « hard rock » agita-o, uma canção de embalar apazigua-o. Naquela altura, já começa a memorizar. O seu inconsciente tece tudo quanto ouve, tudo quanto se passa à volta da mãe.

Científicos ingleses mostraram que uma criança reconhece até histórias lidas pela mãe. Um feto de 4 ou 5 meses sente perfeitamente se a música é apaziguante ou agressiva. Fica calma ao ouvir música de Vivaldi. O genial Yehudi Menuhin mostrou que era possível, graças à música, fazer vibrar, por assim dizer uma criança ainda não nascida. Além disso, a criança é sensível à luz : se uma lâmpada forte demais dá sobre o ventre da mãe, o pulso do bébé torna-se mais rápido.

No princípio do 6° mês, já começa a fazer os primeiros movimentos perceptíveis, as primeiras deglutições. Ele é activo principalmente de noite, quando a mãe está deitada. Os seus pulmões já estão formados, e já começa a fazer movimentos respiratórios.

    Beleza da criação… Esplendor da vida humana… Hoje, nesse domínio, nós somos testemunhas privilegiadas em relação com todas as gerações que nos precederam ! Nunca antes foi possível ter um conhecimento tão preciso da vida do embrião e do seu « grito silencioso ». Estou a falar aqui no filme realizado pelo Dr Bernard Nathanson, defensor ardente da legalização do aborto nos Estados Unidos, arrependido ao ver a ecografia dum aborto, e agora ardente apóstolo da abolição daquela legalização.

    No episódio da Visitação, há também um grito silencioso, mas um grito de alegria, o de João, embrião de 6 meses. A seguir vem o grito sonoro de Isabel, a mãe dele, que grita, duma « voz forte » : « bendita és tu entre todas as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre  . Como se faz que tenha aquela alegria de que  a mãe do meu Senhor venha ter comigo ?… Feliz daquela que acreditou no cumprimento das palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor. »
Como foi que Isabel conseguiu ouvir aquele grito silencioso de João ? Porque o grito foi acompanhado por um estrecimento sensível, por uma dança perante o Autor da vida trazido por Maria, Arca da Nova Aliança, Sacrário da Vida, ostensório da Presença Real. João, que ouve a saudação de Maria, Isabel que percebe o estrecimento de João, tudo isso está confirmado hoje pela ciência e tem de despertar a nossa admiração, o nosso respeito perante o esplendor da vida humana antes da nascença.

    Infelizmente, em vez disso, há quem prefere tapar os ouvidos, velar  as suas faces. Enquanto que o feto percebe a luz e ouve os sons desde o 6° mês, os « grandes » deste mundo (os adultos) não querem ver a luz, não querem ouvir a voz de Deus e sobre Deus. Nathanson foi caluniado. A verdade do seu filme foi confirmada pela justiça (no dia 25/02/1992).  Sem resultado : no dia 28 de Dezembro de 1997 foi inaugurado em França o primeiro « Memorial do Bilhão » (um bilhão de abortos conforme as estatísticas da ONU). Hoje, nesta hora em que estou a falar, contam quase 1 bilhão e 412 milhões de abortos desde o dia 22 de Janeiro de 1973 (« Roe versus Wade ») !!!

    O aborto será, sim ou não, « um crime abominável » ? Se é verdade, temos que o dizer. E até devemos ir mais além, devemos mostrá-lo. O aborto não é um simples desaparecimento, é um assassinato, dizia João-Paul II. Então é imprescindível mostrá-lo. O choque das fotografias é tão importante como que o peso das palavras.

    Tendes reparado que, nas discussões sobre o aborto na TV, só vemos adultos e crianças ? Aqueles de que se fala, os embriãos não são presentes naqueles programas que falam principalmente deles e do seu destino.

    Nunca são apresentados :

  • nem nos estados sucessivoss do seu desenvolvimento,

  • nem no seu estado de vítimas,

  • nem a sua luta para salvaguardar a sua existência.

    Ora aqui principalmente, não se podem economizar as imagens :

  • Economizamos as imagens nos documentários sobre os campos de exterminação nazis, quando se tratam de imagens dificilmente aguentáveis ?
  • Economizamos as imagens na apresentação de acidentes da viação, enquanto queremos avisar os automobilistas, afim de evitar tais catástrofes ? No entanto, a segurança da vida no seu princípio vale bem a segurança rodoviária.
  • Economizamos imagens quando queremos educar os jovens a propósito do uso da droga, e mostramos o estado de decadência que os ameaça ?

    Depois de ver « O rito silencioso » do Dr Nathanson, João-Paulo II disse : « Eu tive a oportunidade de ver aquele filme e ainda hoje não me posso esquecer dele. É difícil imaginar esse drama terrível e toda a sua eloquência moral e humana » (4 de Junho de 1991).

    Não se trata de condenar quem quer que seja. So Deus pode ser Juiz ; mas trata-se de denunciar um escândalo que um silêncio e omissões culpadas podem banalizar. Mulheres de 20-30 anos, depois de abortar, declararam ter sido enganadas sobre a natureza dele. Deram-lhes a entender que não passava da ablação dum tumor benigno. Pode-se e deve-se militar pelo respecto da vida, sem risco de ser qualificado de agressividade nem de maniqueismo. Não podemos, não devemos esconder o ensinamento moral da Igreja, com a condição, evidentemente, de aceitarmos confessar que somos pecadores também, e julgados pela mesma verdade. Os santos praticaram essa humildade : « Senhor, desconfia de Filipe, dizia S. Filipe Neri ; mesmo esta noite, podia ser muçulmano ». Podemos nós dizer também : « Senhor, desconfia de mim. Podia sentir a tentação de abortar ou de levar alguém (a minha filha, a minha amiga…) ao aborto ;

    Uma iniciativa recente convida todos os padres de França para tocar os sinos funebres no dia 28 de Dezembro, Festa dos Santos Inocentes, às 18.00h, antes ou depois dos « Ave-Marias ». Pede também a todos os fiéis para convidar os seus padres a fazer isso. Levemos aquele gesto simbólico, mas significativo, e procuremos sensibilizar uma opinião publica « com pele de elefante », na nossa oração, e por ocasião de Natal, demos peso à nossa oração, aliviando o nosso porta-moedas ao benefício duma obra que trabalha para ajudar as mães aflitas. Salvar uma vida não tem preço ! Direis talvez que isso não vai mudar nada. O pior era que, um dia, possamos ser censurados por nada ter feito. Uma coisa está certa : connosco ou sem nós, a Luz vencerá as trevas!


(tradução : G.Jeuge)
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