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Praedicatho homélies à temps et à contretemps

Praedicatho homélies à temps et à contretemps

C'est par la folie de la prédication que Dieu a jugé bon de sauver ceux qui croient. Devant Dieu, et devant le Christ Jésus qui va juger les vivants et les morts, je t’en conjure, au nom de sa Manifestation et de son Règne : proclame la Parole, interviens à temps et à contretemps, dénonce le mal, fais des reproches, encourage, toujours avec patience et souci d’instruire. Crédit peintures: B. Lopez


23° DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO B) (Mc 7,31-37)

Publié par Walter Covens sur 7 Septembre 2024, 00:01am

Catégories : #homilias em português

23-T.O.B.jpg
 
 
 
       Depois da controvérsia com os Fariseus a respeito da pureeza ritual, Jesus junta os actos com as palavras : vá para uma terra pagã, portanto impura, na região de Tiro, no actual Libano. É naquela terra que vai expulsar o demónio da filha duma mulher siro-feniciana : o pão não é reservado só aos filhos ( os Judeus, os " puros "), mas é também oferecido aos cãezinhos (os pagãos, os " impuros ").


       A seguir, Jesus segue para o levante, " em pleno território da Decápola, isso é na Jordânia actual. Fica, portanto ntre os pagãos. É mesmo o evangelho deste dia. Depois disso, S.Marco situa a segunda multiplicação dos pães. Portanto, Jesus realiza para os pagãos o mesmo sinal do que para os Judeus, junto à riba do lago de Galileia.
 

       Assim percebemos melhor o alcance da discussão sobre o puro e o impuro, quando se trata de comer o Pão que Deus dá sem distinção a uns e outros. Os impuros não são aqueles a quem se pensa ! Os impuros são aqueles que não acreditam, aqueles que têm o coração endurecido. À partida, consequência do pecado dos primeiros pais, todos os homens são impuros. Mas encontram-se também homens que, indo a Jesus, confessam a sua impureza, e se deixam purificar por Ele . Pelo contrário há pessoas a pensar que são puras e que não precisam de ser purificadas. Ficam afastadas dos outros com desprezo (" fariseu " quer dizer : " separado "), e portanto ficam afastadas, elas também da Mesa do Reino.
 

       Na Igreja, Povo de Deus no qual Deus fez cair aquilo que os separava, o muro do ódio, ao suprimir as prescrições jurídicas da Lei de Moisés (Ep 2,14-15), todos podem participar nessa Mesa. É preciso ler aqui todo o capítulo 2 da carta de S.Paulo aos Efésios, onde S.Paulo, o Judeu convertido, fala aos pagãos da cidade pagã. S.Paulo começa assim : " E vós, outrora estavais mortos, por causa das culpas e dos pecados nos quais estavais a viver (v. 1-2-. Mas continua logo assim : " Também nós, eramos daqueles, quando seguiamos as tendências egoistas da nossa carne, conforme os caprichos da nossa carne e dos nossos raciocínios ; eramos, nós próprios, destinados à cólera como todos os outros. "


       S. Marco, ele, escreve para os cristãos de Roma, e quer mostrar-lhes que " a fracção do pão " eucarístico (o pão que a Igreja agora partilha com todos) encontra o seu fundamento histórico concreto na vida de Jesus com os seus : já como Pastor do seu Povo, ele reunia-os a todos e partilhava -lhes o pão " (Mourlon Beernaert).


       Mas atenção ! isso não implica a abolição de toda a exigência ! pelo contrário, é uma exigência muito mais importante que se encontra imposta : a exigência do coração puro. É mais exigente purificar o coração do que se lavar as mãos. " Creio num só baptismo para a remissão dos pecados ". Essa é a fé que proclamamos depois da homilia.


       S. Marco mostra-nos que aquele baptismo, também ele, está enraizado nas palavras e nos gestos históricos de Jesus. Os catecúmenos que hoje em dia se preparam ao baptismo aprendem isso. O evangelho de hoje lembra-nos isto : o rito do Effétah " exprime a necessidade da graça para ouvir a palavra de Deus, e para a proclamar em vista á salvação " (Ritual da iniciação cristã para os adultos, n. 194). Durante esse rito, " o celebrante toca com o polegar a orelha direita e a orelha esquerda, depois os lábios de cada catecúmeno, dizendo : " Efféta (o que que dizer) : abre-te, afin de proclamares a fé que ouviste para o louvor e a glória de Deus " (ibid.N.196)


       Só uma coisa feita por Jesus não se faz agor a: o facto de tomar saliva. (Para os Judeus, e até agora, a saliva tem fama de possuir um poder curativo , quando se trata de feridas sem gravidade).


       " As orelhas dele abriram-se : loge a sua lingua foi desligada e começou a falar correctamente ". Evidentemente, aquela cura não é só uma cura corporal –mais uma ! - além da cura ele manifesta o poder da graça de Deus para Israel e para todos os homens. Vede os gestos feitos por Jesus : não só põe os dedos nas orelhas e não só toca a lingua do surdo-mudo, mas " de olhos levantados para o Céu, suspirou e disse : Effata !, isto é : Abre-te ! "


       Se Jesus levanta os olhos para o Céu, é para maifestar a origem de todo o poder de criação e de restauração no qual participa em seu corpo, e que pode comunicar àquele que se deixa formar como que um recém-nascido " (Radermakers).. O Céu, é o Pai que " está nos Céus ".


       Lembremo-nos também que o dedo de Deus é o Espírito Santo. O suspiro de Jesus evoca, também ele, estes gemidos inefáveis do Espírito Santo, que vem ao socorro da nossa fraqueza e que intercede por nós…


       Assim é toda a Trindade que está a agir atrvés dos gestos mais simples de Jesus, nos simples ritos do baptismo e que nos torna capazes da Eucaristia.


       A ponta do relato, o mais espantoso de toda a história é isto : ao olharmos com atenção, os pagãos são tocados mais facilmente pela graça do que os Judeus, do que os discípulos. Os Doze até nem sempre são curados da sua surdez e da sua cegueira. Ainda terão que percorrer muito caminho. S.Marco não deixa de evidenciar a lentidão deles par " ouvir " e " ver ", isto é : para perceber e acreditar (4,13 ; 4,40-41 ; 8,18 ; 16,14). No Domingo que vem, no entanto, vamos ver que Simão-Pedro não é impermeável a tantas palavras e gestos de Jesus.


       Até là, temos que reflectir ; não tenhamos receio de confessar que, muitas vezes, nós os cristãos praticantes – melhor : " missalisantes " (= fiéis à missa dominical), nós que ouvimos a Palavra de Deus todos os domingos, que nos aproximamos da Mesa Eucarística em cada Missa, temos nós também o espírito bem tapado, enquanto que outros, ao que parece, mais afastados do Senhor, deixam-se mais facilmente tocar pela sua Palavra e transformar pela sua Eucaristia. Afinal, para nós, qual há-de ser a importância e a influência da missa do domingo sobre a nossa vida desta semana que começa ? Como dizia o teólogo von Balthasar de maneira atrevida para os especialistas da Bíblia : " Muito poucas pessoas , agora, neste século da " acribia filológica e da arte do recorte, savem que a Bíblia tem Deus como Autor e assim como Origenes não deixa de repetir, deve necesssariamente ter um significado digno de Deus, ou então ter significado nenhum " (" Esprit et feu ", p.49). E um dos discípulos dele para os teólogos : " A nossa teologia muitas vezes retrogradou para o simples monoteismo, mais ou menos polvilhado de citações evangélicas. Eis o que nos da para pensar " (A.Manaranche, " Je crois en Jésus-Christ aujourd’hui ". Aquela frase foi escrita em 1968. Acho que não deixa de ser actual.


 

(Tradução : G.Jeuge)
23° DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO B) (Mc 7,31-37)
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